domingo, 23 de agosto de 2015

EXPEDICION RUTA DE LOS ANDES 2015 - Parte X - RUMO AO CHILE (OU QUASE...) (Dia 17)



DIA 17 - PUNO/Peru a TACNA/Peru (19/04/2014)

Nossa última noite às margens do Titicaca tinha tudo para ser tranquila... 

Eis que, sabe-se lá porque motivo, resolvi conferir o WhatsApp da viagem e o e-mail do nosso moto clube, antes de dormir. Para meu grande espanto, havia no e-mail de nosso grupo, uma mensagem de Stênio, um dos "jipeiros" de Garanhuns/PE, que conhecemos no dia de nossa partida de Cusco/Peru. Em sua mensagem ele informava que os documentos da moto de Helenildo haviam ficado no Hostal Saphi, o hotel em que nos hospedamos em Cusco/Peru. Pense numa bronca grande!

Na manhã seguinte faríamos os trâmites de fronteira, para sairmos do Peru e entrarmos no Chile. Sem o documento da moto, nada feito. Partilhei logo minha preocupação com meus companheiros de quarto - Hélio e Lauro, para pensarmos numa solução para o problema. Embora já fosse madrugada de domingo (19/04/2015), ponderamos que deveríamos informar o colega diretamente envolvido na questão, e eu fui o incumbido de acordá-lo no quarto ao lado. Minha abordagem não foi nem um pouco suave, pois fui logo informando que se tratava de uma emergência. Não fosse o Helenildo possuidor de excelente saúde, certamente teria tido um ataque cardíaco naquele instante, tão rápido e assustadamente ele acordou.

Desnecessário dizer que ninguém mais dormiu. Após muitas conjecturas, chegamos à solução mais razoável. Helenildo lembrou que ele, Lauro e Rodolfo conheceram um guia turístico muito prestativo em Cusco/Peru, chamado Yan Marcos. Além de ajuda-los a encontrar o Hostal Saphi, no dia da chegada em Cusco/Peru, foi ele quem providenciou toda a parte burocrática dos passeios que eles fizeram pela região. Mesmo sendo alta madrugada, Helenildo ligou para ele. Nossa proposição para ele foi que providenciasse um portador, para trazer o documento até nosso hotel em Puno/Peru. Nós pagaríamos as despesas e ainda uma boa gorjeta ao portador. Ele se prontificou em providenciar tudo, logo cedo. Fomos deitar, para tentar dormir um pouco.

Acordamos na expectativa do horário da chegada do portador. Tomamos o café, arrumamos as coisas e só nos restou esperar. Perto do horário do check out, desocupamos os quartos e fechamos nossas contas. Ficamos de plantão na recepção, apenas na expectativa. Já tínhamos consciência de que nosso planejamento original estava comprometido: não conseguiríamos chegar a tempo de fazer os trâmites na fronteira, pois ela estaria fechada à noite, e o pernoite e Arica/Chile não seria possível. A meta do dia seria chegarmos em Tacna/Peru, última cidade antes da fronteira com o Chile.

Finalmente, próximo das 13:00 h, nosso portador chegou. O próprio Yan Marcos cumpriu a missão, pois segundo ele, não conseguiu ninguém para tal ofício. Tiramos fotos com nosso anjo salvador, pagamos seus gastos e uma merecida recompensa, e finalmente iniciamos nossa viagem. Saímos do hotel às 12:53 h.



Seguimos em direção à Puno/Peru, costeando o lago Titicaca. Paramos para abastecer num posto logo na entrada de Puno/Peru. Adentramos em Puno/Peru, em busca da saída para Torata/Peru, conforme o taxista que havíamos contratado no dia anterior havia nos ensinado. Ainda em Puno/Peru, uma forte chuva nos alcançou. Efetuamos uma nova parada num posto de combustível, para vestirmos os abrigos de chuva. Enquanto nos arrumávamos, percebemos alguma coisa estranha: estavam caindo pedras de gelo do céu! Creio que para todos nós, foi a primeira experiência com uma chuva de granizo. Ainda bem que as pedras eram pequenas e o fenômeno cessou rapidamente. Enfim retomamos nossa viagem, partindo às 13:37 h.

Pela primeira vez pegamos uma estrada em condições regulares em nosso trajeto internacional, mas nada comparável à buraqueira que pegamos dentro do Brasil e mesmo assim foi apenas nos quilômetros iniciais. Este trecho é praticamente deserto, sem cidades pelo caminho e com pouco movimento de veículos. Embora nos dirigíssemos em direção ao litoral, o que a princípio indicava que iríamos descer, antes disto ocorrer passamos ainda por alguns picos a mais de 4.000 metros de altitude. A partir dos 150 km percorridos, nossa apreensão pelo reabastecimento teve início. Ainda bem que graças à excelente qualidade da gasolina peruana, a luz de alerta da reserva de gasolina demorou a acender. Seguimos em suspense até chegarmos em Torata/Peru, onde chegamos às 17:10 h, percorrendo 263 km sem paradas. Paramos todos no primeiro posto que encontramos, para reabastecermos e um rápido descanso. Estávamos agora a aproximadamente 190 km de Tacna/Peru, na parte final da descida dos Andes. Não registrei nosso horário de partida, rumo a Tacna/Peru.

Prosseguimos em direção a Moquegua/Peru, próxima grande cidade antes de Tacna/Peru. Se tenho algo a comentar acerca deste trecho, é a impressão de que a descida dos Andes não acaba nunca! Parece que sempre há uma nova descida mais adiante. Pelo que percebi, nesta área a mudança de altitude ocorre de forma mais lenta e gradual, que em outras partes do Andes. Passamos por Moquegua/Peru já noite fechada e graças às informações prestadas pelos habitantes locais, conseguimos retomar o caminho rumo à Tacna/Peru, contornando esta cidade. Seguimos direto até Tacna/Peru. 

Ao chegarmos em Tacna/Peru, nossa primeira meta foi procurar um local para passarmos a noite. Seria a primeira vez que estávamos aventurando a hospedagem, já que em todos os dias anteriores já tínhamos hotéis previamente reservados. Por sorte não precisamos rodar muito pela cidade e logo avistamos alguns hotéis. Paramos num deles, a HOSPEDAJE YOLANDA, que atendeu nossas necessidades básicas (garagem para as motos, banheiro nos quartos e ambiente limpo) e resolvemos ficar por lá mesmo. Tivemos de pagar nossas diárias antecipadas. O senhor da recepção parecia assustado com aquele bando de motoqueiros chegando todos juntos, de uma só vez. Chegamos neste hotel às 20:45 h, percorrendo 192 km desde Torata/Peru.

Nos acomodamos em nossos quartos e após o merecido banho quente e vestidos como humanos normais, seguimos de táxi para o centro da cidade, para um jantar caprichado, depois de um longo e tumultuado dia. Merecíamos isso, até mesmo para comemorar nossa última noite em terras peruanas. Comemos num excelente restaurante, bebemos piscos à vontade e voltamos depois ao hotel, para uma boa noite de sono. No dia seguinte, o destino seria o Chile, que segundo alguns, é o exemplo mais próximo de primeiro mundo que temos em nossa América do Sul.





QUILOMETRAGEM DO DIA:    455 KM.
QUILOMETRAGEM TOTAL:  7.391 KM.

Segue abaixo o vídeo de nosso trajeto de Puno a Tacna (e Arica).





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