domingo, 28 de outubro de 2018

RUTA NORTESUDAMERICA-Parte II - De Puerto Maldonado/Peru a Nazca/Peru




ETAPA II – De Puerto Maldonado/Peru a Nazca/Peru (05/05 a 08/05/2018)


5º DIA – 05/05/2018

Depois de uma boa noite de sono, acordamos para mais um dia de estrada. Para nossa grata surpresa, fazia um friozinho gostoso, com um nevoeiro cobrindo a cidade. Situada na Amazônia Peruana, o calor é a regra em Puerto Maldonado.




Em nossa conversa na noite anterior, resolvemos fazer mais uma alteração em nosso roteiro: ao invés de termos como destino final a cidade de Cusco/Peru, onde ficaríamos 01 dia fazendo turismo, alteramos nosso destino final para a cidade de Urubamba/Peru, no Vale Sagrado, fazendo apenas o pernoite por lá. Apesar de Cusco e seu entorno terem relevante valor histórico, cultural e turístico, optamos por desviar do trânsito intenso de Cusco. Eu já havia visitado a antiga capital dos incas em 2015 e Hélio lá estivera por 02 vezes. Embora seja uma cidade que vale a pena ser revisitada, resolvemos priorizar os lugares mais distantes e desconhecidos, que estavam por vir.

Tomamos nosso café da manhã, apreciando a vista do alto do hotel, com o nevoeiro já dissipado. Nos alimentamos bem, pois neste dia iríamos literalmente às alturas, saindo de menos de 200 m de altitude, em Puerto Maldonado/Peru, para extremos 4.725 m, na Abra Pirhuayani.



Apesar trajeto relativamente longo, previsto para o dia, saímos de Puerto Maldonado/Peru um pouco tarde. Saímos do hotel Centenário e paramos num posto de gasolina (chamado “grifo” por lá) chamado San Luis, para reabastecimento das motos. Iniciamos nossa viagem às 09:23 h. Continuamos seguindo pela Estrada do Pacífico (30C). Nossa primeira parada planejada era na cidade de Quince Mil/Peru, praticamente aos pés dos Andes. A estrada é impecável, com asfalto em excelente condições. Tivemos apenas 02 ocorrências durante nosso trajeto: encontramos um grupo de brasileiros, de Mato Grosso e paramos para tirar fotos com eles e uma parada numa blitz da polícia/exército peruanos. Nesse último caso, tudo corria bem, até que o soldado do exército pediu para mim, explicitamente, um “regalo” para ele. Eu desconversei e Hélio acabou recorrendo ao nosso Spot (um rastreador via GPS), dizendo que aquilo era um aparelho que possibilitava nossa visualização em tempo real, via satélite de forma que nós estávamos sendo assistidos naquele exato momento...Além disso, Hélio recorreu ao nosso “santo protetor” em terras peruanas, um certo “Major Juan”, um militar peruano que ele conheceu em sua viagem em 2016, peguntando ao soldado se ele conhecia o tal major Juan. Acabou funcionando e fomos liberados sem o tal “regalo” e ainda tiramos uma foto com eles, kkk.





Paramos num posto de gasolina/grifo próximo a Quince Mil/Peru às 15:10 h, percorrendo 232 km nesse trecho inicial.

Saímos de lá, em horário não registrado por mim, pretendo fazer um trecho único, até Urubamba/Peru. Cabe registrar que, acolhendo uma indicação de nosso colega Herlandes, do Canal BR DUAS RODAS, havíamos resolvido fazer um percurso alternativo, mesmo quando ainda tínhamos Cusco/Peru como meta deste dia. Ao invés de seguirmos direto pela rodovia 30C e depois a 3S até Cusco/Peru, pegaríamos uma estrada que segue pelo Vale Sagrado, a 28B. Quem vai para Cusco/Peru, ao chegar na cidade de Pisac/Peru, pega uma outra estrada que leva direto a Cusco/Peru. Nós continuaríamos nessa estrada até Urubamba/Peru.

Esse é o trecho das grande mudanças de altitude e belas paisagens. Começa com o belo visual de muitas cascatas, ao longo do início da subida, passagens molhadas em plena rodovia (em menor número que na viagem anterior, tendo em vista o término do período das chuvas). Também tivemos os inevitáveis desmoronamentos. Pegamos um nas proximidades da cidade de Marcapata/Peru, onde aproveitamos para uma parada e reforço nas vestimentas, por conta da temperatura, que caía a medida que subíamos. Passamos por um desvio de terra, estreito, beirando um abismo.

Seguimos subindo cada vez mais, até chegar ao ponto culminante de nossa viagem: Abra Pirhuayani, a 4.725 m. O frio e a falta de ar estavam intensos e dessa vez não ousei parar, descer da moto e tirar uma foto. Paramos um pouco depois, para registrar em foto, sem descer das motos, uma daquelas imagens que compensam todas as dificuldades de uma viagem em moto: uma paz imensa, um silêncio absoluto, e ao fundo, a visão dos picos nevados. A temperatura estava em torno dos 2,0 graus, segundo o termômetro no painel da moto.




Continuamos pela rodovia 30C, descendo para módicos 3.000 a 3,500 metros de altitude até a cidade de Urcos/Peru, onde a rodovia passa a ser chamada 3S. Nesse trecho fomos novamente parados numa blitz, mas fomos liberados sem problemas. A estrada que devíamos pegar ( a 28B) estaria alguns kms adiante, segundo a dica que pegamos. Como já estava escuro, acabamos perdendo a entrada. Paramos num posto/grifo mais adiante, e solicitamos informações. Tivemos de voltar uns poucos kms para pegar a estrada correta. A  partir da cidade de Pisac/Peru, fomos parando para ver a disponibilidade e preços dos hotéis. Como é uma área de muito interesse turístico, existem hotéis caros e luxuosos. Declinamos destes, pois a viagem era longa, e nosso orçamento limitado, não permitindo luxos desnecessários.

Chegamos ao Pumawanka Hostal, local escolhido para nosso pernoite em Urubamba/Peru, às 20:50 h. Percorremos 285 km nesse trecho final. Hospedagem simples, confortável e barata. Saímos para jantar num restaurante próximo e retornamos ao hostal, para o merecido descanso.


Quilometragem do dia = 517 km.
Quilometragem acumulada = 1.606 km.

6º DIA – 06/05/2018

Acordamos com intuito de pegarmos a estrada mais cedo que o dia anterior. O Hostal Pumawanka não fornecia café da manhã. Seguimos até uma loja de conveniência num posto/grifo próximo para o nosso desjejum. Aproveitamos e pegamos informações sobre o trajeto até Abancay/Peru.

Partimos às 08:12 h. Houve um pequeno erro, pois segui as indicações do GPS, mas o caminho não batia com as informações que nos repassaram na loja de conveniência. Paramos e com nosso “portunhol” conseguimos confirmar que as dicas do pessoal da loja estavam corretas, e nós estávamos no caminho errado. Entre ida e volta, perdemos uns 8 kms.

Nosso destino final nesse dia era a cidade de Chalhuanca/Peru, que fica aproximadamente na metade do caminho entre Urubamba/Peru e Nazca/Peru. Embora a distância total entre estas cidades aparentemente possa ser percorrida em apenas uma dia, o relevo da região, muito montanhoso, deixa o traçado da rodovia muito sinuoso. Este trecho é conhecido como a “Estrada das Mil Curvas”. A opção mais recomendável é um pernoite no meio do caminho.

Para nossa surpresa, o roteiro inicial tinha um trecho em estrada de terra. Pequeno, cerca de uns 12 km. Um pequeno tempero off road em nossa viagem. Retomamos a Estrada do Pacífico (3S) nas proximidades da cidade de Anta/Peru.



Seguimos até a cidade de Abancay/Peru, com muitas curvas, subidas e descidas. Destaque especial na chegada à cidade de Abancay/Peru, com uma descida praticamente interminável, uma sequência de curvas muito fechadas e a insana velocidade com que os motoristas locais realizam essa descida. Paramos num posto/grifo às 13:09 h, percorrendo 208 km neste trecho inicial.

Parada rápida, de forma que saímos de lá às 13:32 h. Seguimos sem ocorrências (nem blitz..). A poucos quilômetros de Chalhuanca/Peru, avistamos um restaurante, num curva da estrada, à beira de um rio. Como já estávamos próximos de nosso destino do dia, resolvemos, excepcionalmente, parar para almoçar. Almoço simples, mas saboroso. O melhor tempero, como dizem, é a fome. Almoçamos truta frita. Soubemos depois, após postagem das fotos do local, que este fora o mesmo restaurante que nosso amigo Gustavo parou para almoçar, em sua viagem solo, poucos meses antes.




Não registrei o horário de nossa partida do local, mas às 16:20 h já estávamos alojados. Mais uma vez, uma hospedagem simples, sem café da manhã, mas com apartamentos com banheiro privativos, água quente e wi-fi! Percorremos 120 km neste trecho final. Também dessa vez, nada de café da manhã no hotel...

Após nos alojarmos, saímos apenas para comprar lanches, pois ainda estávamos bem nutridos com o almoço. Eu dormi sem problemas, mas Hélio sofreria um pouco com a qualidade do colchão, já que ele estava com dores lombares, desde o começo da viagem.

Quilometragem do dia = 328 km.
Quilometragem acumulada = 1.934 km.

7º DIA – 07/05/2018

Acordamos cedo e caminhamos até um restaurante próximo, para tomar nosso café da manhã. Voltamos ao hotel e partimos às 08:00 h, pontualmente. Logo na saída da cidade, encontramos um grupo de motociclistas reabastecendo num posto/grifo. Voltamos para socializar com eles.

Era um grupo de brasileiros, organizado pela empresa Moto Tour. Eles também haviam pernoitado em Chalhuanca/Peru, num hotel muito bom (que nós não localizamos no dia anterior...) e estavam seguindo até Nazca/Peru, que também era nosso destino nesse dia. Perguntamos se podíamos nos juntar ao grupo, desde que nosso ritmo não fosse atrasá-los, e fomos prontamente incorporados. Eles contavam ainda com uma van de apoio para o grupo.

Prosseguimos com eles, com destino a Nazca/Peru, ainda pela “Estrada das Mil Curvas”. Eu e Hélio seguimos na parte final do cortejo e pudemos testemunhar o nível de disciplina e organização da turma. Cada um tem um local pré-definido dentro da formação e isso é respeitado até na hora das ultrapassagens. Cerca de uns 40 km antes da cidade de Puquio/Peru, paramos num restaurante à beira da estrada, um isolado e precário estabelecimento, em meio a uma paisagem deserta. Mas para quem enfrentou temperaturas em torno de 5,0 a 7,0 graus nesse trecho, era a oportunidade de se aquecer um pouco, além de aliviar a bexiga.



Conversamos com o grupo, e resolvemos tentar a hospedagem no mesmo local onde eles iriam ficar, a Casa Andina. Eles já tinham reservas e nós iríamos aventurar. Essa rede hoteleira já havia sido bem referenciada pelos amigos de Porto Velho/RO e Rio Branco/AC.

Partimos em horário não registrado por mim. Antes de Nazca/Peru, ainda fizemos mais uma parada, antes do início da descida. Uma precaução por parte de Everson, proprietário da Moto Tour e organizador da viagem. De fato haviam nos avisado que a descida era uma cansativa e quase interminável sequência de curva fechadíssimas. A parada serviria para um descanso antes do trecho final. Conversamos e partilhamos nossos lanches. Como no grupo havia também nordestinos (cearenses e pernambucanos), tivemos a chance de saborear castanhas de caju em plena cordilheira dos Andes!



Superamos a interminável descida e chegamos ao hotel Casa Andina, às 14:30 h. Felizmente eu e Hélio conseguimos uma vaga para nós. Percorremos 343 km neste dia. Agora era só relaxar, pois no dia seguinte, seríamos apenas turistas.


Quilometragem do dia = 343 km.

Quilometragem acumulada = 2.277 km.

8º DIA – 08/05/2018

Como informado anteriormente, o dia seria apenas de passeios. O Everson gentilmente nos colocou na van do grupo, para fazer o deslocamento até o aeroporto, onde ocorre o mundialmente famoso sobrevoo das linhas de Nazca.

Tomamos nosso café, e ficamos no hotel, esperando a dissipação do nevoeiro que estava na região do aeroporto. Ficamos conversando com nosso irmãos nordestinos, do grupo da Moto Tour.

Reunião Nordestina em Nazca/Peru

Pouco tempo depois partimos para o aeroporto. O aeroporto é pequeno, mas muito movimentado. Pessoas de toda parte do mundo, uma verdadeira Babel. Everson não conseguiu nos encaixar no mesmo voo do grupo da Moto Tour, mas nos indicou a mesma empresa, a Aerodiana. Segundo ele é a maior e mais bem estruturada empresa que faz os voos. Eu e Hélio fomos primeiro que os colegas da Moto Tour. Adiantarei logo que as fotos (vide link para o álbum de fotos) das famosas linhas foram feitas com o celular, sendo necessária uma ampliação, para visualizar as mesmas.




Terminamos nosso voo, muito satisfeitos. Enquanto aguardávamos o grupo da Moto Tour, fizemos algumas compras nas lojinhas que existem fora do terminal de passageiros.

Voltamos para o hotel e saímos logo para almoçar, pois depois teríamos mais um excelente passeio turístico: passeio de buggy pelo deserto de Nazca, com direito a visitas a sítios arqueológicos (inclusive à cidade de Cahuachi, do antigo povo Nazca), cemitérios indígenas e no final, sanboard nas dunas. Hélio resolveu ficar no hotel, por conta das dores lombares.

Almocei com o grupo da Moto Tour. Logo após o almoço fomos a uma rua lateral pegar nosso veículo. É uma espécie de “gaiola” gigante, montado em chassis de algum caminhão.

Paramos inicialmente no Aqueduto de Ocongalla, obra da cultura Nazca.




Em seguida visitamos a cidade de Cahuachi. Ela vem sendo vagarosamente desenterrada das areias do deserto. A cultura Nazca desapareceu por assimilação por parte de outras culturas ameríndias, em especial os incas.





De lá visitamos um antigo cemitério Nazca. Infelizmente, a maioria dos cemitérios já foi violado, muitos anos atrás. Era costume do povo Nazca enterrar seus mortos com pertences pessoais (cerâmicas, colares, pulseiras, etc). Restou o triste visual de ossos esbranquiçados pelo sol do deserto, espalhados pelas areias.




Por fim, ao cair da tarde, subimos altas dunas de areia, com direito a manobras ao estilo dos passeios de buggy em Natal/RN, e tivemos a oportunidade de praticar o surfe na areia (sandboard). Cansativo era ter de subir a duna para descer de novo...



Ao cair da noite, iniciamos a volta para o hotel. Como previamente avisado no início do passeio, tivemos de colocar nossos casacos, pois o veículo é totalmente aberto, e faz bastante frio à noite, no deserto. Confesso que apesar do sobrevoo das linhas ser o passeio mais famoso, gostei mais do passeio pelo deserto.

À noite eu eu Hélio saímos apenas para jantar, próximo do hotel. Arrumamos as coisas para o percurso do dia seguinte e fomos dormir.

Segue abaixo, link para o álbum de fotos deste post:







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