terça-feira, 14 de julho de 2015

EXPEDICION RUTA DE LOS ANDES 2015 - Parte VI - PERU:RUMO A CUSCO (Dias 12 e 13)




DIA 12 - RIO BRANCO/AC a PUERTO MALDONADO/Peru (14/04/2015)

Finalmente chegou a hora de Hélio e eu retomarmos a viagem. Enquanto nossos amigos já estavam fazendo turismo em Cusco/Peru, eu e Hélio tínhamos 02 dias de viagem pela frente, para encontrá-los.



Nesse primeiro dia, nossa meta era pernoitarmos em Puerto Maldonado/Peru. Saímos do hotel logo após o café da manhã. Paramos num posto já na saída da cidade para calibrarmos os pneus e pegarmos informações sobre qual direção seguir. Não demoramos muito, e partimos às 08:32 h, efetivamente iniciando nossa viagem. 

Seguimos pela BR 317, estrada também bastante esburacada, por conta das enchentes que o estado sofrera recentemente. A viagem transcorreu sem problemas até nossa 1ª parada programada, em Epitaciolância/AC. Chegamos às 10:53 h, percorrendo 232 km neste trecho inicial. Esta cidade e sua vizinha Brasiléia/AC, são fronteiriças com a Bolívia, e ficaram muito conhecidas nacionalmente por serem a porta de entrada de imigrantes haitianos no Brasil. Tivemos a oportunidade de cruzarmos com um grupo de viajantes a pé, no sentido Epitaciolândia/AC a Rio Branco/AC. Fizemos uma parada rápida, e saímos em horário não registrado por mim.



Continuamos pela BR 317, e em pouco mais de 01 hora chegamos à aduana brasileira, na cidade de Assis Brasil/AC. Paramos num posto bem próximo, para reabastecimento e logo em seguida seguimos para lá. Os policiais da PF foram super atenciosos conosco, fomos atendidos sem demoras. Rodamos pouco kms, já tendo a companhia de muitos tuc-tucs (triciclos montados a partir de motos, com cabine fechada/coberta) no percurso até Inapari/Peru, a primeira cidade naquele país. Foram 121 km desde nossa partida de Epitaciolândia/AC. Também não registrei o horário de nossa chegada (vai ver foi a emoção da primeira vez no exterior, com minha moto).



Chegamos no horário de almoço da Imigração, que por sorte já estava terminando, e tivemos de esperar um pouco. Além de Hélio e eu, só havia mais um casal de bolivianos. Não esperamos muito, e quando abriram a Imigração, fomos atendidos rapidamente. De lá seguimos para a aduana peruana (SUNAT), pois precisávamos dar entrada nos veículos. Paramos as motos em frente e Hélio foi o primeiro a ser atendido. Quando tentei entrar na sede junto com ele, fui barrado, sendo informado que o atendimento era um de cada vez. Depois de algum tempo de espera, fui chamado por outro funcionário, mais jovem do que o que atendera Hélio, e em pouco tempo fui liberado. Dessa vez foi como o ditado popular: "os últimos serão os primeiros". Enquanto esperava por Hélio, fui num estabelecimento comercial que fica colado à SUNAT. Ele pertence a uma brasileira conhecida por Tuka, que já havia nos abordado na Imigração. Lá fiz meu câmbio inicial de reais por soles e provei um refrigerante típico deles, a inka-cola. Não digo que ele é saboroso, nem tampouco ruim, digamos que é apenas diferente. Hélio concluiu seu processo na SUNAT e também veio à loja da Tuka, fazer câmbio e provar a inka-cola. Partimos de lá, às 14:52 h. Lembrete importante: na SUNAT eles te entregam um documento, que deve ser apresentado em qualquer fiscalização e na saída do país. Esse documento passa a ser o comprovante que seu veículo (carro ou moto), entrou legalmente no país.














Seguimos agora pela estrada 30C, também conhecida como Estrada do Pacífico ou Rodovia  Interoceânica. A mudança na qualidade no asfalto é gritante, pois a estrada é um tapete. Abundam, é certo, as lombadas, como já alertara nosso amigo Raphael de Rio Branco/AC, mas nada que prejudique a viagem. Prosseguimos direto até nosso destino final neste dia, Puerto Maldonado/Peru. Não tivemos também nenhum problema neste trecho, que é pouco habitado, e sem cidades significativas no percurso. Tivemos é claro, a companhia de muitos tuc-tucs pela estrada. Chegamos em Puerto Maldonado/Peru por volta das 18:00 h, já ao escurecer. Desta vez foi a quilometragem deste trecho que esqueci de registrar, mas conforme verifiquei no Google Maps, são 229 km. Graças à ajuda de um moto-taxista local, que nós contratamos, chegamos rapidamente ao hotel que o Raphael de Rio Branco/AC havia nos indicado, o HOTEL CENTENÁRIO. Que dica excelente! O hotel era muito confortável e fomos muito bem recebidos. Até as motos eles acolheram dentro do hotel (passando pela recepção), pois a entrada da garagem estava em obras, obstruindo a passagem de veículos.

Resolvemos jantar no hotel mesmo, no restaurante que fica no último andar, com uma bela vista da cidade. Passamos um Whatsapp para o Ronald, o corretor de seguros indicado também por Raphael de Rio Branco/AC, para jantar conosco e fazer a entrega do SOAT. Trata-se de um seguro nos mesmos moldes do nosso DPVAT, exigido de todo veículo que circula pelo Peru. Existe uma certa liberaridade das autoridades peruanas até Puerto Maldonado/Peru, já que não é possível contratar esse seguro na cidade de Inapari/Peru, nem fazê-lo antecipadamente, via web. Ronald trouxe nossos SOATs, fizemos uma excelente refeição, e fomos dormir o sono dos justos, para encarar o trecho do dia seguinte.

Retomo a partir deste post, nosso acompanhamento da quilometragem, suspensa durante meus 02 dias parado em Rio Branco/AC.

QUILOMETRAGEM DO DIA:    582 KM.
QUILOMETRAGEM TOTAL:  6.018 KM.

Vide abaixo algumas das fotos dos nossos predecessores (Helenildo, Lauro e Rodolfo), que estavam "turistando" por Cusco/Peru, neste mesmo dia, e também o registro em vídeo da travessia da pelo Peru, até Cusco e dos passeio aqui referidos.







































DIA 13 - PUERTO MALDONADO/Peru a CUSCO/Peru (15/04/2014)

Neste dia conseguimos sair bem mais cedo. O café do hotel era servido cedo, e assim pudemos tomá-lo e ainda não atrasar nossa partida. Colocamos as motos para fora do hotel (passando pela recepção), arrumamos nossas tralhas e fomos em busca de um posto para reabastecermos. Reabastecemos nossas motos e partimos às 6:25 h, iniciando efetivamente nossa viagem.



Continuamos pela estrada 30C. A estrada continuava com um asfalto em excelente condição. E um detalhe importante, que esqueci de registrar no post anterior: motos são isentas do pagamento de pedágio! Neste trecho inicial, continuamos com a paisagem típica da amazônia peruana, com vegetação fechada. Aparentemente a floresta deles parece mais preservada que a nossa, pelo menos em relação aos trechos pelos quais passamos no Brasil. De curioso neste trecho, tivemos a passagem por uma grande "muvuca", uma aglomeração de muitas casas de madeira, motos, tuc-tucs e pessoas. Soubemos que aquilo na verdade é um grande garimpo. Outra curiosidade foi a passagem pela Serra de Santa Rosa. Esta serra tem curvas muito fechadas, ainda com vegetação amazônica, e serve de prévia às muitas curvas que teríamos mais frente, nos Andes. Fizemos nossa primeira parada num posto à beira da estrada, nas proximidade da cidade de Mazuco/Peru. Chegamos às 08:29 h, percorrendo 170 km neste trecho inicial. Um comentário sobre a gasolina no Peru. Neste trecho, vimos basicamente 02 tipos: 84 e 90 octanas. Nem sempre os postos ("grifos", na nomenclatura local) têm as duas disponíveis. Sempre que possível, colocamos a de 90 octanas.















Depois de uma breve parada para reabastecimento, retomamos nossa viagem. Teríamos pela frente o trecho mais radical, pois sairíamos das baixas altitudes da região amazônica, para o ponto mais alto de todo nossa viagem, isso em poucos quilômetros. Não registrei nosso horário de partida. Rodando mais alguns km após Mazuco/Peru, chega-se a uma bifurcação na estrada. Seguindo em frente, vai-se diretamente para Juliaca/Peru e/ou Puno/Peru. Atravessando a bela ponte laranja, segue-se para Cusco/Peru, e foi este o caminho que tomamos.



A estrada chega a um ponto de beleza indescritível. As montanhas surgem de ambos os lados, com cachoeiras despencando das alturas. Percebemos que começaremos a subida. A maioria dos relatos que li diz que isso ocorre nas proximidades da cidade de Quince Mil/Peru. A paisagem vai mudando, à medida que subimos. Sai a floresta frondosa e surge uma vegetação rasteira, tipo uma estepe. Outra ocorrência frequente são os "derrumbes" (deslizamentos). Só neste 2º trecho tivemos 03 paradas, para desobstrução da pista. 






Sempre subindo, chegamos ao ápice de nossa viagem: Abra Pirhuayani, a 4.725 m de altitude. Não pudemos perder a chance de fotografar o lugar.
Desci da moto em câmara lenta, como se fosse um astronauta na lua. Não vou mentir, a respiração é difícil. Hélio sequer desceu da moto. O termômetro da moto dele registrava 4º graus centígrados. Voltei à moto com o mesmo cuidado e prosseguimos viagem. Paramos num posto nas proximidade da cidade de Ocongate/Peru, percorrendo 205 km neste trecho. Não registrei o horário de chegada nem o horário de saída deste posto.




Partimos para nosso trecho final, inicialmente descendo, depois subindo mais um pouco novamente, e finalmente descendo em direção a Cusco/Peru, alcançando uma região relativamente plana, o altiplano andino. Neste trecho, fomos brindados com uma chuva constante, embora não muito intensa, até poucos kms antes de Cusco/Peru. A chegada em Cusco/Peru é feita por uma longa avenida, com um dos trânsitos mais caóticos que já vi. Como estávamos com as motos equipadas com baús laterais, tínhamos de nos comportar como carros, entre veículos que não tinham muita consideração com as motos. Seguíamos as placas que indicavam que o centro histórico ficava mais à frente. Depois de muito tempo, conseguimos chegar ao centro histórico, que também estava com um trânsito insano. Perguntamos várias vezes pelo nosso hotel (HOSTAL SAPHI) e depois de muito rodar, conseguimos achá-lo. Chegamos às 17:15 h, percorrendo 122 km neste trecho final. Por sorte o hotel tinha uma pequena garagem em frente, onde já se encontravam as motos de nossos camaradas. Eles tinham saído para um tour pelo Vale Sagrado e deveriam chegar mais tarde. Fomos nos alojar, tomar um bom banho quente (ainda bem, tava um frio danado!) e se arrumar, para um bom jantar, após a chegada dos demais ruteiros.

Descemos e ficamos na recepção aguardando-os. Eles chegaram com pouco tempo e combinamos de nos encontrar num restaurante na mesma rua. Eu e Hélio seguimos para um restaurante típico, e degustamos um saboroso jantar, regado a muitos piscos. Os outros acabaram indo para outro restaurante. Voltamos ao hotel ainda cedo, pois no dia seguinte iríamos madrugar, para irmos a Machu Pichu.

QUILOMETRAGEM DO DIA:    497 KM.
QUILOMETRAGEM TOTAL:  6.515 KM.


2 comentários:

  1. Amigo Marcos, está ficando muito boa a sua narrativa. Parabéns.

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  2. Obrigado Helenildo. Estou me esforçando ao máximo, para que meus parcos recursos narrativos estejam à altura de nossa tão empolgante viagem.

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