sábado, 19 de setembro de 2015

EXPEDICION RUTA DE LOS ANDES 2015 - Parte XII - RUMO A SAN PEDRO DE ATACAMA/Chile (Dia 19)



DIA 19 - IQUIQUE/Chile a SAN PEDRO DE ATACAMA/Chile (21/04/2015)

Acordamos muito cedo. Em plena madrugada fechamos nossa conta e arrumamos nossas tralhas nas motos. Antes da partida, tivemos um pequeno problema: um carro de um hóspede estava estacionado atrás de nossas motos, impedindo nossa saída. Precisamos insistir muito com a recepção do hotel, mas por fim o dono do carro foi despertado, e desceu para nos liberar. Partimos às 05:35 h.

Pegamos a saída da cidade, pela Ruta 1. Seguiríamos por esta estrada, que margeia o oceano Pacífico, até a cidade de Antofagasta/Chile. O visual deve ser belíssimo, mas como estávamos em plena madrugada, não pudemos aprecia-lo. Como já citado em post anterior, o Chile adota o mesmo horário de Brasília/Brasil, mesmo estando no extremo oeste do continente sul americano. Em virtude disto, as 05:35 h de lá equivalem na verdade às 03:35 h da madruga, em termos de escuridão. Outro problema era de ordem monetária: como não fomos à ZOFRI, não fizemos o câmbio de divisas previsto para Iquique/Chile. A maioria de nós estava com poucos ou nenhum peso chileno em carteira. Como a Ruta 1 é pedagiada, ficamos na dependência dos colegas mais "abonados", para passarmos nos pedágios. Hélio foi o maior financiador desta despesa.

Seguimos pela excelente estrada, com a escuridão da noite e o friozinho da madrugada, sem nenhum problema. Somente próximo à nossa primeira parada programada, Tocopilla/Chile, por volta das 08:00 h, o sol começou a dar o ar de sua graça timidamente, tentando vencer as montanhas que estavam, sempre, à nossa esquerda. Chegamos em Tocopilla/Chile às 08:25 h, percorrendo 238 km neste trecho inicial do dia.

Fizemos o abastecimento das motos, comemos nosso desjejum na loja de conveniência do posto e às 09:15 partimos em direção à Antofagasta/Chile, ainda pela Ruta 1. 

Continuamos margeando o oceano Pacífico, que em alguns trechos fica bem próximo à estrada. Tendo em vista o longo trajeto previsto para o dia, não paramos para molhar os pés no mesmo, como havíamos falado tantas vezes, antes de iniciarmos nossa jornada. A temperatura ainda fria, o visual pouco atrativo das praias, com muitas pedras, areia escura e a existência de algumas casas que lembravam nossas favelas, também colaboraram para nossa decisão. Já nos aproximando de Antofagasta/Chile, paramos para uma foto, tendo ao fundo o oceano Pacífico.


Parada junto ao oceano Pacífico

Chegamos em Antofagasta/Chile às 11:45 h, horário de chegada no posto de abastecimento. Foram 190 km neste segundo trecho. Reabastecemos as motos e também os pilotos, pegamos dicas de como chegarmos até a Mão do Deserto e partimos, reiniciando a viagem.

Rodamos um pouco pela cidade, até encontrarmos a saída para a Ruta 5. Seguiríamos outra vez, pela estrada que pegamos quando da entrada no Chile, também em excelente estado. Nos afastamos do oceano Pacífico e adentramos mais uma vez no interior do Atacama. Voltaram as paisagens desérticas e ventos laterais muito fortes. Prosseguimos viagem, com base nos conhecimentos que adquiri na pesquisa do nosso roteiro. A Mão do Deserto ficaria a aproximadamente uns 75 km ao sul de Antofagasta/Chile. Prosseguimos viagem, preocupados como sempre com a autonomia das motos. A apreensão aumentou, quando completamos os 75 km percorridos desde nossa partida de Antofagasta/Chile e nem sinal da Mão do Deserto. Avistamos um acampamento à beira da estrada, provavelmente algum canteiro de obras, por conta da quantidade de caminhões e fomos indagar sobre a distância ainda restante, até o famoso monumento. Helenildo retornou com uma informação bomba: segundo o haviam informado, ainda faltavam 75 km até lá! Não acreditei que havia errado tanto assim nos meus levantamentos pré-viagem. Confiando na minha pesquisa, sugeri prosseguirmos até atingir os 100 km percorridos, limite seguro para uma eventual volta, sem risco de uma pane seca, em pleno deserto do Atacama. Continuamos pela Ruta 5, em direção ao sul do Chile. Rodamos poucos quilômetros e avistamos uma placa, indicando que a Mão do Deserto ficava 3 km adiante. Comemoramos com os punhos erguidos, e em breve chegamos ao famoso ponto do Atacama. Chegamos por volta das 13:30 h, percorrendo 90 km desde nossa partida de Antofagasta/Chile.


Chegada à Mão do Deserto

A Mão do Deserto

Ficamos algum tempo por lá, curtindo este grande marco dos viajantes ao Atacama, tirando muitas fotos. Se na véspera havíamos divergido sobre a conveniência da ida até este monumento, agora todos estávamos todos muito felizes com mais este desejo realizado. Partimos em direção a San Pedro de Atacama/Chile, saindo de lá às 13:58 h.

Rodamos 49 km e paramos num grande posto COPEC, às margens da Ruta 5, um pouco antes de Antofagasta/Chile, às 14:25 h, para reabastecimento das motos e dos pilotos. Partimos de lá às 15:00 h.

Seguimos alguns quilômetros ainda pela Ruta 5, pegando depois a Ruta 25, seguindo em direção a Calama/Chile, passando por Sierra Gorda/Chile. Como este trecho, até San Pedro de Atacama/Chile, teria mais de 300 km, programamos um reabastecimento em Calama/Chile, que fica a cerca de 100 km de San Pedro de Atacama/Chile. Avistamos obras de manutenção no início da Ruta 25, provavelmente decorrente das chuvas anormais que haviam caído no Atacama, alguns meses antes de nossa viagem. Chegamos em Calama/Chile, que fica afastada da estrada, e não encontramos nenhum posto de combustível fora da cidade. Para evitar uma perda de tempo maior, resolvermos não entrar na cidade, para procurar um posto. Paramos próximos a um parque eólico, para descansar.



Como a autonomia da minha BMW Sertão era uma das menores, combinei com a turma que seguiria na frente, devagar, até San Pedro de Atacama/Chile. Caso ocorresse alguma zebra, eles me alcançariam. Prossegui viagem sozinho, agora pela Ruta 23, em ritmo cada vez mais lento, para poupar gasolina com velocidades de 90, 80 e até 60 km/h no trecho final, além de aproveitar ao máximo os declives da estrada. Como vantagem pude contemplar melhor as belas paisagens da região. Parei poucos kms antes da cidade, junto à placa indicativa da distância que faltava até ela, aguardando meus companheiros. Pouco a pouco eles foram chegando. 

Entramos juntos na cidade, tendo como primeira necessidade encontrar um posto de combustível. Embora seja um cidade pequena, San Pedro de Atacama/Chile é um labirinto de ruelas de barro, muito estreitas. Só conseguimos encontrar o único posto da cidade, com a ajuda de colegas motociclistas brasileiros, quer encontramos pelo caminho. Chegamos ao posto às 17:20 h, percorrendo 328 km neste trecho final, desde nossa partida.

Após o reabastecimento, fomos localizar nosso local de hospedagem. Lauro foi o responsável pela reserva de San Pedro de Atacama/Chile, e escolheu a CASA DE LOS DUENDES. Rodamos muito para achar nosso local de pouso, mas conseguimos, chegando já com noite escura. Ficamos muito bem instalados numa casa mobiliada. As donas moravam vizinho, e foram muito atenciosas conosco.

Após nos instalarmos, fomos às compras na rua principal da cidade. Já falei que San Pedro de Atacama é uma cidade pequena, porém é um centro do ecoturismo mundial. Nas ruas da cidade ouvem-se línguas de todo o mundo, pessoas de todos os biotipos. Fizemos nosso câmbio para a moeda local e compramos os itens para nosso jantar e café da manhã. Afinal de contas teríamos 02 dias para explorar o que San Pedro tinha a nos oferecer.


QUILOMETRAGEM DO DIA:    895 KM.
QUILOMETRAGEM TOTAL:  8.674 KM.


Vide abaixo o link para o vídeo deste trecho da viagem, no You Tube:





2 comentários:

  1. Esplêndida narrativa! Parabéns Marcos.

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  2. Ai, ai, um belo relato de uma viagem inesquecível.
    Parabéns ao Marcos, companheiro de Ruta, organizador e navegador, que revela-se também um grande narrador nos fazendo viajar de novo!

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